quinta-feira, 26 de abril de 2007

Noite formativa na Faculdade de Física

Ontem, 33 aniversário da Revolução dos Cravos, a Assembleia de Física organizou uma noite formativa. Começou-se com uma charla com parte do professorado da faculdade: Víctor Mosquera, Ángeles García (a decana da faculdade) e Jorge Mira (conhecido por trabalhar na TVG). A charla desenvolveu-se num ambiente cordial, com muitas intervenções de alun@s. Porém, o diálogo não existia. Cada um dos grupos, professorado e alunado, movia-se sempre dentro duma lógica própria, cada um atendendo aos seus interesses.



A muito crítica postura do professorado centrava-se quase exclusivamente na sua parte: a dificuldade de implantar o plano europeu, o caos do Ministerio de Educación, etc...

As directrizes que chegam aos decanados são sempre documentos de trabalho modificados constantemente, nunca uma normativa fixa à qual ater-se. Pensamos que esta "borrosidade" nas directrizes não é senão uma prova da desorganização geral, e a dificuldade que provoca: não se pode criticar um modelo fixo, a universidade não participa em absoluta da reforma... Enfim, que isto cheira.

Falou-se muito da financiação da universidade. A postura da decana era muito clara: não à privatização, "esto se llama universidad de Compostela, no empresa de Compostela". A estruturação em graus e pos-graus deve-se realizar nas faculdades a "custo 0". É dizer, a USC não paga a reforma. Isto é uma forma de forçar às faculdades a aceitar uma financiação mista, é dizer, com a empresa privada. Há que dizer que isto lhe molestava bastante à decana ("buscar financiación pública es lo ético") e ao professor Jorge Mira, que se bem repetiam uma e outra vez que os documentos de trabalho do MEC não falam em absoluto do tema (esta desinformação forma parte da estratégia), há bastantes suspeitas de que a empresa entrará na USC mais ainda do que já está hoje.


Em conclusão, a privatização preocupa e muito. Alias, como diz o filosofo esloveno Slavoj Žižek, ninguém acreditou a Fukuyama quando anunciou a fim da história (chegamos ao capitalismo neoliberal, este é o melhor sistema e implantará-se em tudo o mundo) mas todos actuamos como se tivesse a razão. Em nenhum momento do debate o professorado entrou noutra dinâmica, nunca se saiu do marco da lógica capitalista.
A universidade como mera factoria de mão de obra qualificada, desenhada a expensas do que solicite a empresa, está assumida. Há que reavivar o debate uma vez mais.
Alguns outros trechos do debate são estes:
Ángeles García: "El problema es la implantación", "la normativa nunca aparece en el BOE, nunca como reglas claras, sino como documentos de trabajo", "el planteamiento es razonable pero no la implantación", "cambia radicalmente el modo de enseña y el de aprender", "a veces ironizamos entre nosotros (professores) que vamos tener que venir a clase con una camiseta con el logo de la empresa que nos vaya a financiar", "quizas se vea cierta tendencia de venda de estes másters (os encaminhados à saída profissional) a la empresa".
Víctor Mosquera: "tenemos que planificar el máster sin saber como es el posgrado".
Jorge Mira: "empeçou-se a casa polo telhado, como vas desenhar um pos-grau sem saber como é grau??", "a implantaçom fai-se a custo 0, desde a universidade!!", "o financiamento mixto vai ser possível", "nom me extranharia nada (referindo-se à entra da empresa)"
Um estudante lendo a declaração de Quintanilla em Gaceta Universitaria: "diz Quintanilla: `debemos dar a las empresas la mejor mercancía´".

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